Porto Alegre (RS) – A visão acadêmica e a visão prática sobre a temática da violência foram discutidas em palestra promovida pelo Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH) no auditório da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul (DPERS), na última quinta-feira, 3 de março. Com o tema “A sacralização da violência”, a Defensora Pública Dirigente do Núcleo de Defesa em Direitos Humanos (NUDDH), Alessandra Quines Cruz, conduziu o painel com os palestrantes Giancarla Brunetto, Coordenadora da Liga dos Direitos Humanos da FACED/UFGRS e estudante do Curso Doutoramento em Ética e Filosofia Política, na Universidade Católica Portuguesa, e Cilon Freitas da Silva, Especialista em Ética e Educação em Direitos Humanos/UFRGS, mestrando em Gestão de Organizações Públicos/UFSM e Oficial da Brigada Militar/RS.

Para Alessandra, aproximar o debate acadêmico com as questões práticas dão embasamento para as atitudes e ações que são promovidas no CRDH. “Temos um arcabouço teórico que está nos suportando para desenvolver ações e promover as espécies de conhecimentos. O trabalho que fazemos no CRDH é justamente a promoção da educação em direitos humanos e o combate de todas as espécies de violências”, destacou.

A visão de que a violência já está banalizada e naturalizada na sociedade em âmbito global foi discutida pela Doutora Giancarla Brunetto, que também salientou a importância de analisar o próprio conceito da palavra violência. Giancarla lembrou a parceria entre a Defensoria Pública e a Liga dos Direitos Humanos da UFRGS, que promove diversas ações educativas em direitos humanos. O olhar humano pelo qual a Defensoria Pública atua é gratificante para ela. “Os Defensores Públicos tem uma atuação exemplar. É uma visão humanista, ver uma pessoa como realmente um ser humano, principalmente os hipossuficientes , e ter preocupação com os direitos humanos. Essa ligação entre os educadores, o meio acadêmico e a Defensoria Pública é fundamental. Os Defensores Públicos estão sempre à frente de problemas, situações e crises, principalmente em relação a pessoas que não têm condições”, afirmou. A busca de soluções e de caminhos para construção de sociedades que realmente vejam a formação de comunidade e promovam a igualdade é uma das alternativas apresentadas pela Doutora para frear a violência.

Cilon Freitas da Silva expôs alguns dos problemas que os variados tipos de violência trazem para a sociedade, afetando a essência humana. “O tema da violência nos preocupa muito, em especial a violência urbana, que é uma chaga da nossa sociedade. Ela afeta em vários graus. Não é apenas a violência do crime, mas também desmerecimento por meio de bulling na escola, assédio sexual, constragimentos, racismo. Tudo isso afeta a pessoa e impacta psicologicamente e fisicamente, além de dificultar o convívio humano e social, gerando um ciclo perverso que contribiu para mais violência”, frisou. Como policial, Cilon explicou o conceito de polícia comunitária que tem sido norteada na corporação, há mais de uma década, sendo trabalhada a questão da criminalidade e da violência sob a ótica de qualidade de vida, englobando fatores com a verdadeira sensação se segurança. Ele citou que a polícia melhorou o recrutamente, implantou cursos que tenham o pensamento sobre respeito à dignidade humana, deu atenção a técnicas mais avançadas de polícia, como uso adequado de equipamentos de contenção e o uso progressivo da força para que não haja uso letal, sendo este o último recurso. “A doutrina, o treinamento, a proposta, o pensamento de qualificação e de trabalho da Brigada é focado em um policial que tem como primeira missão resguardar a dignidade humana, salvar vidas, proteger as pessoas”, finalizou.

Texto:Nicole Carvalho/Ascom DPERS